SING STREET (Sing Street, 2016)


Cinema com música da melhor qualidade.
Em 1927 quando no filme "O cantor de jazz" apresentou som, fala e canções assim nascia uma nova parcela de interesse no cinema, pois ali existia um alcance ilimitado, o “infinito e além” dentro da emoção narrativa nas histórias da telona, e com o passar do tempo o artifício som, foi só ganhando mais espaço, até se tornar figura primordial para uma obra cinematográfica.
Muitos dizem que a trilha sonora é alma de um filme, John Carney leva muito a sério o dito, seus filmes são pautados pela boa música, suas histórias são conduzidas pelas as canções, uma espécie de musical contemporâneo, em Sing Street adolescentes irlandeses passam por transformações pessoais graças à formação da sua banda, cada música do repertório é um show a parte, a trilha intercala músicas famosos da década de 80 (década que se passa a história), Duran Duran, Motörhead, The Cure, etc. com as canções dos próprios rapazinhos de Dublin.
Sem sombra de dúvidas, a trilha é um atrativo a parte nessa obra modesta e lindíssima, mas percebermos a evolução do diretor (comparando com os trabalhos anteriores), que aqui consegue encontrar os enquadramentos e movimentos de câmeras certos, que fazem a narrativa funcionar e assim envolver o espectador ao extremo
Tecnicamente, o filme alcança todo o seu propósito, fotografia e figurino oitentista, inserem de forma primorosa o público na rotina e jovens dos irlandeses da época. Ps: Fico só imaginado como deve ser um irlandês entre 30 a 40 anos, vendo esse filme, acredito que deve ter um treco.
O elenco funciona em seu total, cada personagem tem o seu objetivo singular, objetivo que é muito bem desenvolvido no decorrer do filme, realmente é um daqueles filmes “achados”, que você fica feliz de indicar para o amigo, pois sabe a sensação maravilhosa que ele vai sentir ao terminar o exemplar.
Podemos identificar várias homenagens à cultura POP da época, a mais latente e emblemática é ao eterno Starman David Bowie, falecido esse ano. Realmente, o filme serve como um registro histórico a uma geração que sonhava alto em busca da felicidade no outro lado do oceano atlântico, uma viagem sem volta até o Reino Unido.
Carney sempre com suas produções independentes, nesse trabalho alcançou o ápice da sua carreira até o prezado momento, realizou o melhor filme de 2016, um filme completo, que mostra o verdadeiro poder da inserção sonora no cinema. Ultrapassando o seu próprio trabalho, Once 2007 é considerado por muitos a alma do cinema moderno.
****1/2 (9.0)