A Substância (The Substance, 2024).


Deixa o sentimento fluir.
A beleza é uma unanimidade no cinema de Hollywood, sempre foi e continua sendo uma das características mais primordiais para a indústria. Ser "feio" não é opção para o "mocinho" ou "mocinha" de um blockbuster. Com essa reflexão potencializada, temos o "brilhante " e controverso A Substância.
Demi Moore interpreta Elizabeth Sparkle, uma ex-celebridade enfrentando dificuldades no mercado audiovisual, devido à sua idade "avançada" para os padrões.
Dirigido e escrito pela excelente Coralie Fargeat (Vingança 2017), o filme trabalha várias camadas do terror, e vai as descascando ato após ato. O horror corporal é abordado de forma magistral, não tendo pressa nenhuma para contar de forma crítica a obsessão moderna pela juventude e beleza (arrebatando de forma geral o público).
Substância é visualmente impactante, ao explorar com grande qualidade técnica a transformação da personagem (body horror), acredito que esse primor renda a indicação ao Oscar de Maquiagem.
Com narrativa intensa e psicologicamente envolvente, muito desse clima garantido pela entrega das belíssimas Demi Moore e Margaret Qualley , o exemplar bebe da fonte de vários clássicos do cinema de horror como: A Mosca, 1986, Basketcase e Enigma do outro mundo, ambos de 1982, e também nos remete a lembrar da obra-prima Réquiem Para um Sonho 2000, mas conserva a sua originalidade. Particularmente, acho exagerado e desnecessário o seu clímax, porém entendo de forma clara e racional a opção artística da diretora.
Sem dúvidas, posso afirmar que é um filme ousado e impactante que, de forma transgressora, faz uma crítica à indústria da beleza e ao machismo. Sim, ainda está diante da beleza do cinema de Hollywood e suas beldades, cuidado para não se envolver demais e terminar com o sentimento de repulsa.
(7,0) ***1/2
Publicado no dia 25 de setembro de 2024.