top of page

Nosferatu (Nosferatu, 2024).

Maravilhoso e repugnante.
 

Toda a criação ou inversão tem sua genuína originalidade ao natural de algo. Nosferatu de 1922 (obra definitiva do expressionismo alemão) é uma versão não autorizada do Drácula de Bram Stoker. O filme alemão também teve uma releitura em 1979 pelo gênio Herzorg, onde imprimiu seu estilo contemplativo e filosófico.
Nosferatu (2024), dirigido por Robert Eggers (A Bruxa, O Farol e Homem do Norte), é uma adaptação impressionante do clássico filme mudo de 1922, se destacando ao utilizar o visual expressionista do original e a abordagem contemplativa do filme de Herzog. O terror gótico e o drama existencial são elevados a um terror psicológico de estética deslumbrante, já posso afirmar que é uma referência no conceito gótico.

Bill Skarsgård brilha como o Conde Orlok, trazendo uma presença assustadora e hipnótica ao personagem (gostei bastante da caracterização). Lily-Rose Depp também se destaca, explorando com maestria as fragilidades, desejos e as forças de sua personagem.

A trama, inspirada no famoso romance do irlandês Abraham Stoker , segue Thomas (Nicholas Hoult) em sua jornada para negociar com Conde Orlok uma propriedade. O filme equilibra a tradição do clássico de 1922 e a ousadia da versão 1979, criando uma experiência cinematográfica única e impactante, gerando momentos sublimes no cinema de horror. Devo citar a sequência fascinante e assustadora do diagnóstico do Dr. Albin Eberhart, a jovem Ellen, é de ficar de pé na cadeira.

Embora o filme possa parecer lento para alguns, devido ao seu estilo contemplativo e à extrema dedicação visual, me sinto satisfeito com cada frame do exemplar. Além das atuações e direção incrível, é uma obra-prima do cinema moderno, conduzida por uma trilha sonora absolutamente perfeita (nos moldes antigos horrores da Hammer).
Nosferatu, de Eggers, é um filme brilhante ao analisar o seu primeiro plano (tanto tecnicamente como artisticamente) que merece ser contemplado e discutido, tanto pela sua beleza visual quanto pelo seu profundo subtexto psicológico, que vai além de simbolizar o desejo primitivo e o apetite insaciável.
Orlok é uma "cópia" não autorizada do clássico Drácula, porém repleta de originalidade,causando sensações distintas ao desenrolar da história. Da mesma maneira que saí do cinema maravilhado, também senti uma repulsa contundente. Alcançar esses extremos é algo impressionante, certamente responsabilidade do empenhado diretor, e no seu grande trabalho de fundamentar historicamente toda a história e criar atmosfera de tensão e medo, características já evidenciadas nos seus trabalhos anteriores. "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", que venham mais releituras de obras sublimes.


(9,0) ****1/2
 
Publicado no dia 06 de janeiro de 2025.

bottom of page